O agora

Imaginaryworld12B

De Clízia Diamantino

                         Epígrafe

     
A adolescência é uma fase de amadurecimento. É um período de transição no desenvolvimento físico e psicológico, em que um ser humano deixa de ser criança e entra na vida adulta. Desde meus quinze anos, minha mãe ensinou-me que para se tornar alguém na sociedade, as pessoas precisam se dedicar muito, dar o seu melhor e que é preciso lutar com todas as garras porquê, a adolescência é a fase mais complica da vida, tudo que você faz nessa fase, irá conseguentemente refletir no futuro. Não tive uma infância tão divertida como das outras crianças, perdi meu pai quando minha mãe estava grávida de oito meses. Talvez seja por isso, que eu tenha me distanciado das pessoas, porque não conseguia me relacionar com outras crianças desde muito cedo e vivia isolada. Sempre imaginei como seria se estivesse com meu pai, nunca cheguei a conhecer ele na prática. Então minha mãe me criou sozinha.
Dos dez aos catorze anos de idade: Nessa época nunca fui a melhor aluna, apenas me enquadrava entre os mais ou menos. Tudo mudou quando completei quinze anos. Precisei me esforçar muito, porquê minha mãe se tornou uma mulher mais exigente, arrogante e ciumenta. Deve ser por isso, que não me  interessava em ter um namorado. Então terminei o ensino médio, fui nomeada a melhor estudante do colégio, no último ano do ensino e fui admitida na faculdade de ciências e da saúde UCM. (Universidade católica de Moçambique). Fui submetida ao exame de capacitação, no qual consegui uma excelente nota. Por isso, não precisei passar pelo ano propedêutico, indo assim direto para o primeiro ano de medicina.
Nunca fiquei tão emocionada ou curiosa em ir para uma universidade, desde meus quinze anos sempre soube que eu era capaz de entrar em uma, minhas notas falavam por si.  A minha primeira semana de aula foi a mais difícil. Não imaginei que estudaria em um anfiteatro com mais de cem estudantes, era bem estressante e de um certo modo perturbante. Por conta disso, comecei a ler livros sobre romances, nos meus momentos de pausa. De todas as historias de amor que já li, até agora minha preferida é o de Romeu e Julieta, de William Shakespeare.  Eu achava que essas histórias eram apenas uma perca de tempo e que nada daquilo fazia sentido, pelo simples facto de quase sempre serem irreal e ser de alguém que por um certo motivo ou talvez sem nenhum, decidiu conpartillhar suas imaginações, algum acontecimento interresante que presenciou ou até talvez alguma história contada por alguém...
Nunca imaginei que um simples livro, poderia despertar várias emoções em alguém, sempre ouvia dizer por aí, que quando um livro é bom ele ti rouba do mundo real e faz você se sentir como se estivesse presente nele, e comigo não está sendo diferente.
Depois de duas semanas na Universidade, conheci a Cynthia e na mesma semana, Eric e Sam. Não era minha praia fazer amigos, então foi bem estranho no começo e Cynthia era totalmente diferente de mim. Bom, ela é diferente! E nesses quatro meses, ela acabou se tornando minha melhor amiga. Não imagino um eu sem ela. No final das contas não é assim tão ruim fazer amizades.
Finalmente fiz amigos e já me sinto uma garota normal, um pouco normal. A turma já não é mais estressante muito menos perturbadora.
Embora, eu contínue a mesma. A menina que só se preocupa com os estudos e não se interessa por rapazes… até um certo dia, um garoto dar um empurrão em mim nos portões da universidade. É apenas um empurrão! Qualquer pessoa me daria um empurrão certo?
Mais ele não é qualquer pessoa. Ele é o Willem Parker.
Minha vida mudou de rumo, desde que conheci o Romeu Montecchio estilo século XXI em que eu seria sua Julieta Capuleto. Nunca imaginei que iria me apaixonar por alguém até ele chegar e
mostrar que a vida pode ser mais intensa do que imaginamos, que todo mundo tem o direito de ser amado, até eu.
Ele mudou o sentido da minha vida, de um dia para o outro. Me fez viver as melhores coisas que pensei serem impossíveis de serem vividas. Também as piores coisa, que uma pessoa poderia suportar. Não era para ser assim, porquê tem que ser desse jeito?  Não sei se sou capaz de o perdoar. E
se eu o perdoar, será que tudo vai ser diferente, agora que sei a verdade?
Ele merece uma segunda oportunidade? Várias perguntas flutuam em minha mente confusa e atormentada por essa verdade cruel. Tenho que seguir em frente. Sem ele, com ele, eu não sei.
Preciso seguir em frente. 

        

  Não importa onde eu esteja, meu amor por ela sempre será o mesmo. Ou ainda maior.


                       Capítulo 1

“Acorda! ” Acho que ouvi alguém gritando. Não tenho certeza se a voz é real ou apenas estou confusa por ter acabado de acordar.

Me levanto, seguidamente sento na cama minúscula, feito de madeira teca. Bocejo enquanto pego o meu celular no criado-mudo que também é feito de madeira, mais de madeira ipê. Vejo que a tela do celular está acesa, acho que cliquei no power sem me dar conta. Consigo perceber que o brilho do sol, tomou conta do meu quarto, apesar  das cortinas de pano macio estarem a tentar ocultar o seu brilho. Quando dou uma olhada de mais perto no celular, demoro alguns segundos para perceber que já são sete da manhã.


“Eu já deveria estar pronta!” Digo a mim mesma, em meio a voz bagunçada tentando processar minha mente, depois de ter acordado um pouco fora da hora em que normalmente acordo. Fiquei me preparando para a aula de hoje e li também algum livro de romance. Deveria ter dormido mais cedo, tinha tanta coisa para estudar, que não seria possível dormir cedo como gostaria e não gosto de estar atrasada com os assuntos da universidade.


“Espero que já esteja…” Minha mãe grita, enquanto passa pelo corredor com piso de madeira camaru. Consigo ouvir seus passos antes de me dar conta que não era um sonho, era os seus gritos me acordando. Me atormentando na verdade!


“Eu…estou quase mãe, alguns minutinhos.” Minto em resposta. Levanto da cama pequena,  e desconfortável, arrumo as cobertas de cor rosa berrante com desenhos de borboletas. 


“Porquê ainda continuo cobrindo isso?” Pergunto a mim mesma, segurando as cobertas berrantes. Até que as borboletas são lindas e não tenho nada contra, mais essa cor é horrorosa!

Dobro as cobertas com cuidado como todos os dias. Apesar de ser pequeno, eu amo esse quarto.


“É o meu lugar preferido da casa.” Acabo gritando, apesar de saber que era pra ter dito em pensamentos.

Me aproximo das cortinas cumpridas de pano macio, que também é de cor rosa, mais não muito berrante como os lençóis e até que parecem um pouco lindas. Minha mãe fez questão de comprar especialmente para o meu quarto, no ano passado, quando teve que viajar para Maputo, em missão de trabalho. Deslizo a cortina esquerda, da janela de madeira bem vernizada do meu quarto, o sol da manhã ilumina o meu rosto, o barrulho dos pássaros balançando as arvores é totalmente visível aos meus olhos.


“ Como é bom sentir parte do plano de criação de Deus! ” Bocejo pela segunda vez e se torna evidente a minha carra de sono.

Assim que entro no banheiro, ligo o chuveiro, da água fria é claro. Nunca gostei de água quente, sempre me senti muito bem com a água fria. Passo um pouco de champô nos meus cabelo longo e cacheado, os lavo bem com água. Consigo perceber que a água dos meus cabelos, está escorrendo sob minha pele morena clara. Enrolo a toalha nos cabelos lentamente, para me certificar que a água não venha novamente escorrendo em meu corpo. Minha mãe grita pela terceira vez, isso se eu não estiver errada nas contas. Ela parece estar impaciente porque precisa ir ao trabalho depois de me deixar na universidade. Decido não reclamar, sei que ela tem razão. Eu deveria acordar mais cedo, para não comprometer sua chegada ao trabalho.
Assim que chego ao quarto, abro o meu armário velho onde guardo minhas roupas bem dobradas e organizadas. Decido vestir cardigã preto, calça jeans clara. Ela desenha muito bem meu corpo magro. Camisa branca da Levi's e sapatilhas Adidas brancas de três barras. Quando vejo meu reflexo no espelho que está ao lado da cama, fico aliviada por perceber que já estou vestida. O espelho é comprido, tem quase minha altura, dá pra ver meu corpo perfeitamente. Acho que estou pronta! Nunca me senti tão segura do meu visual, sempre visto qualquer coisa que encontrar pela frente e também nem entendo de moda como a minha amiga Cynthia, mas tenho certeza que minhas roupas não são ridículas.

“Waneees!” Minha mãe grita. Ela surta na verdade.

“Já estou indo mãe. Se você não parar de gritar ficarei louca.” Grito segurando minha mochila. De seguida caminho em direção ao corredor com piso de madeira camaru.

“O livro!” Recordo antes de colocar os pés na sala. Apesar da minha turma não ser mais perturbadora como antes, continuo lendo livros. Descobri que é uma das coisas que mais amo fazer. Volto ao quarto, pego meu livro de romance, não faço nem ideia do qual livro peguei, apenas tenho certeza que é de romance. Mesmo se for um que já tenha lido, não vou  me importar de reler.

“Eu deveria baixar livros eletrónicos, para evitar ter que andar com livros tão pesados! E um e-reader para facilitar minhas leituras. ” Murmuro, ao enfiar o livro no fundo da minha mochila que parece estar bem pesada por causa de tantos livros. O exemplar de psicologia médica é bem pesado!

Quando chego à sala, me dou de cara com uma mulher nervosa, prestes a explodir. Isso se ela for uma bomba! Michelle Rich, ela está em pé, ao lado da mesa de jantar de vidro transparente que vem acompanhada de cadeiras de plástico. Minha mãe está vestindo uma saía preta muito justa, camisa branca formal de manga longa, um salto não muito alto de cor castanho e um relógio prateado. Seus cabelos são cacheados como o meu, apesar do dela não ser tão comprido em relação ao meu. Seus olhos são castanhos, sua pele morena escura está um pouco mais clara que o normal. Principalmente no rosto.

“O que há com você menina!” Ouço minha mãe berrando assim que chego à sala. Suas mãos estão encostadas em cima da mesa de jantar.

“Desculpa mãe, não vai se repetir. Você sabe que não sou assim, sempre fui pontual” Sou na verdade. É só hoje, não vai acontecer novamente.

“não sei oque aconteu, deve ser porque fiquei a noite inteira estudando. Me desculpe não vai se repetir. ” Prometo. Ela sabe que isso nunca aconteceu antes, sempre sou pontual.  Acordo todos os dias na hora exata.

“Melhor mesmo. Porque se acontecer de novo, você terá que ir de ónibus. Não vou comprometer a única coisa que coloca o pão de cada dia dentro dessa casa, e ainda por cima paga a sua universidade, por suas irresponsabilidades. Deu para entender menina? ” Ela avisa. Ela me olha fixamente, e consigo perceber que seu tom de voz passa de nervosa, para calma.

“Sim mãe. ” Respondo com toda sinceridade dando um sorriso de leve. Não gosto de ver ela chateada. Muito menos que eu seja o motivo disso. Ela sempre se preocupou para que nunca faltasse nada pra mim. Não tive a oportunidade de conhecer meu pai, ele morreu de câncer pulmonar quando minha mãe estava grávida de oito meses. Meu pai era médico especializado em cardiologia, assim como minha mãe quer que eu seja quando terminar o curso. Embora, no fundo mesmo, eu quisesse me especializar em ortopedia. Mais prefiro ficar com cardiologia não porque minha mãe insiste, mais em homenagem ao meu querido pai, que nem se quer tive a oportunidade de conhecer. Desde que meu pai morreu, minha mãe nunca se interessou por ninguém. Ela o amou profundamente. E se tornou um pai e mãe pra mim.

“Você não sente falta do Pai? ” Pergunto, mesmo sem saber os porquê estou fazendo essa pergunta, depois de tantos anos que não falamos sobre ele.
Faz dezoito anos praticamente, tempo mas que o suficiente para ela refazer sua vida. Eu acho que minha mãe deveria refazer sua vida, meu pai não vai voltar. Ela precisa superar isso.

“ Porquê a pergunta? ”Ela pergunta em resposta. Seu olhar é curioso, obviamente não esperava por essa pergunta.

“Seilá, só quero saber.” Meu tom de voz é calmo. Não sei exatamente o que me levou a fazer essa pergunta. Então ela da um suspiro e responde:

“Era muito fácil não sentir falta de alguém, quando este alguém estava em sua vida. ”
É doloroso ouvi-la a dizer isso, posso ver as lágrimas se esforçando para não escorrer em seu rosto muito bem maquiado.

“Sinto muita mãe.” Lamento. Ela balança a cabeça negativamente, dando sinal de que não preciso me preocupar.

“Eu acho que você precisa superar isso. Já faz dezoito anos desde que meu pai se foi. Não estou te pedindo para se esquecer dele, até porque sei que ninguém conseguirá ocupar o seu lugar. Mais você precisa dar, e se dar uma oportunidade de ser feliz! Sei que meu pai ficaria feliz em saber que você está feliz. Gostaria que o pai estivesse aqui vivo, e ao nosso lado. Mais também sei que isso não vai acontecer. Ele está morto e os mortos não voltam a vida.” Não acredito que consegui falar tudo tudo isso pra ela, de uma única vez! Espero que ela não me venha com  gritos por eu falar a verdade que precisava ouvir.

“Onde você aprendeu a falar assim? Não me diga que está namorando!” Claro, como se isso fosse possível. Você me mataria literalmente. Ela me olha com interrogação.

“Wanessa?” Parece que minha mãe quer arrancar alguma verdade da minha boca.
Eu querendo dar força para ela seguir em frente, e olha o que ela faz! Tenta me interrogar como se eu fosse um dos estudantes da série espanhola Elite, sendo interrogado pela morte de Marina.

“Quê? Nada ver mãe!” Fico nervosa. Porquê que eu faria isso? Eu nem dou bola para essas coisas. Além do mais, ela me mataria sem nem se quer pensar duas vezes! Ela já deixou claro, que meninos da minha idade, só querem saber de sexo e essa frase encoa em minha mente, sempre que tento pensar nisso.

“Você sabe, única coisa que me enteressa, são apenas os meus estudos. ” Esclareço. E quase engasgo enquanto engulo a saliva de tanto nervosismo.

“Sei.” Ela diz desconfiadamente. Meus olhos se viram para baixo, de tanta vergonha. Como ela acha que eu…

“Acho melhor mesmo! Você sabe oque penso a respeito disso. Nada de pensar em garotos, nem se deixar enganar com seus papos diabólicos. Meninos da sua idade, só querem saber de sexo.” Minha mãe me avisa com o dedo indicador, como se estivesse falando com uma criança de seis anos. Acorda! Eu já tenho dezoito. Dezoito!

“Apenas se preocupe com os teus estudos, porquê isso sim, vale a pena.” Ela tenta me lembrar. Já perdi a conta, de quantas vezes já ouvi essa frase saindo da sua boca. Meninos da sua idade só querem saber de sexo.

“Tá bom mãe! Você não precisa se preocupar.“ Digo. Meu tom de voz é de irritação. Estou cansada de ouvir isso.

“Acho melhor.”

“Bom, sobre eu dar e se dar uma oportunidade. Acho que vou pensar nisso.” Fico feliz em saber que não estamos mais falando sobre ‘meninos da minha idade serem nojentos’. É cansativo, ouvir mesma coisa quase todos os dias. Sorrio.

“Eu disse, 'acho que vou pensar nisso'.” Ela esclarece. O facto dela dizer que vai pensar, já é um bom sinal.

“Tá certo mãe.” Sorrio mais uma vez.

“Apenas agradeço ao destino por não ser tão cruel. Ele levou o homem que eu amei mais que qualquer um. Mais também me deixou uma parte dele, você. E eu sou Imensamente grata ao destino por isso.” Suas palavras me chocam, não consigo me conter e a dou um abraço.

“Eu acho que a gente se atrasou de mais hoje. E é por sua culpa. Não pensa que sofro de amnésia mocinha.” Ela murmura cutucando meu nariz com o dedo indicador, de uma forma nada carinhosa enquanto nos desgrudamos do abraço. Nossa! Durou pouco o lado «carinhosa» da minha mãe! Digo em mente, com uma ironia profunda.


                       Capítulo 2


Saímos até a garagem, vejo que o carro da minha mãe está estacionado duma maneira que facilite a sua saída. O carro é branco, da marca Mark x, simples, mais bonito e combinada bem com ela. Antes de abrir o portão, retiro algumas folhas no para-brisa. Elas  estavam quase coladas.

“Bem que Helder poderia cortar essa árvore nada legal” Murmuro apoiando os braços na cintura,  enquanto olho para à árvore gigante do nosso vizinho. Embora, pareça que essa maldita árvore esteja mais no nosso quintal, do que no dele. Por um instante até sinto que essa árvore idiota está tirando sarro de mim, depois dela ter me visto tirando as pingas de côco de suas folhas no carro da minha mãe.
Eu amo árvores, mais essa é bem idiota.
“Vê se para de reclamar. Estamos atrasadas!”A mandona entra no seu carro. Abro os portões e ela sai.

A pequena viagem é domada pelo silêncio, o que a torna mais longa. Ela ainda está um pouco furiosa por eu ter acordado tarde. Achei que já tínhamos superado isso, realmente ela me surpreende a cada dia! Decido me silenciar para não a irritar mais do que já está. Para chegar a universidade que está localizada no centro da cidade, é necessário passar por algumas matas com árvores gigantescas. Minha mãe tenta dirigir um pouco forra do normal, para que nenhuma das duas chegue atrasada. Não reclamo pela velocidade, até porque é  por minha culpa, que nós tivemos que sair as correrias. Perguntei sobre meu pai, oque nos fez demorar ainda mais. Mais também algo me diz, que ela quer que eu me sinta pior por isso do que já estou.

Hoje é segunda-feira, não sei oque esperar na universidade, apenas desejo que seja tudo legal como sempre. Apesar de Eric, todos dias ser um babaca, espero que o dia seja como sempre.  Dia bom.
E de repente a pergunta que passa a dominar meus pensamentos: Será que Cynthia fez o trabalho de casa?

“Chegamos!” Ouço minha mãe informando, com as mãos penduradas no volante e parece estar mais tranquila agora.

“Tenho que mandar uma mensagem para ela, preciso saber, conhecendo ela duvido que tenha feito.” Digo a mim mesma e por um instante acabo esquecendo que minha mãe está falando comigo.

“De quem você está falando? ” Pergunta ela olhando para mim. Contínuo manejando no celular.

“Da Cynthia mãe. Tenho quase certeza que ela não fez o trabalho de casa, então eu preciso saber, para ela pegar o meu.” Ela contínua olhando pra mim, mais não retiro os olhos do celular mesmo assim.

“ Você se preocupa de mais com essa garota não acha?” Minha mãe pergunta. Começo a duvidar se realmente é uma pergunta ou afirmação. Já esperava esse comentário. Ela não suporta Cynthia. De seguida olho para ela, mais não digo nada.

“Acho que ela não dá mínimas para os estudos,você não tem porquê virar babá de ninguém, se ela não se preocupa com isso, esse é o problema dos pais dela. Sempre soube que essa garota iria dar encrenca desde o primeiro dia que você me apresentou. Não gosto dela.” Abro a boca como se quisesse dizer algo, e mais uma vez não digo nada. Quem ela pensa que é para falar assim da minha melhor amiga? Até hoje não consigo esquecer do dia que apresentei Cynthia para minha mãe, ela não foi nada simpática. Em comparação, mãe da cynthia é muito diferente dela, apesar de eu ter ido para sua casa apenas uma vez, ela me tratou muito bem.

“Ela é uma boa amiga mãe! Não fala assim dela. ” Não gosto que se refira a ela desse jeito.

“Para de se enganar filha! E vê se para de andar com esse tipo de gente. ” Ela resmunga, e minha paciência esgota. 

“Por favor mãe! Eu faço tudo do jeito que você quer”, Berro bem alto.

“Você desenha a minha vida di-a-ri-a-me-nte! Do jeito que você bem entende mãe! E eu nunca reclamei disso. Sempre tento fazer as coisas para te agradar, mas por favor! Nunca mais decida sobre minhas amizades, e não fale mal dos meus amigos, pelo menos não na minha frente, isso eu não vou admitir. Eu já tenho dezoito anos. Não se interferi nas minhas amizades, principalmente com a Cynthia. ”

Deixo claro. Não acredito que falei desse jeito com a minha mãe, ela está admirada tanto quanto eu com a minha reação. Fico um pouco arrependida pelo jeito que falei com ela. Antes de sair de casa, ela disse algo lindo sobre o destino e não queria estragar aquele clima de amor que surgiu hoje entre eu e ela. Mas eu precisava fazer isso, para ver se ela para de falar mal da minha amiga. Não importa se ela vai berrar comigo ou não. Está dito.

“Bom, eu nem sei oque dizer…me desculpa filha! ” Pensei que ela iria gritar comigo por eu ter gritado com ela. Algo está errado, conheço ela o suficiente e essa mulher que está me pedindo desculpas não pode ser minha mãe! Me recuso a acreditar.

“Tudo bem mãe. Já passou.” Me esforço para
sorrir.

“Era bem mais legal quando você não precisa de ‘amigos’.” Ela resmunga baixinho. Já esperava por isso, ela não é o tipo de pessoa que pede desculpas com toda sinceridade. É orgulhosa demais pra isso. Finjo que não ouvi o seu comentário nada simpático. Minha mãe precisa entender que aquela Wanessa que não fazia amigos, morreu. Morreu a quatro meses atrás, antes de entrar em uma universidade.

De seguida me retiro da sua viatura e faço um aceno de despedida. Ela responde com um gesto de sim com a cabeça. Acho melhor me despedir assim, para evitar um clima tenso entre eu e ela, denovo.
“Boas aulas filha!” Ela grita.

“Obrigada mãe, igualmente no seu trabalho.” Grito em resposta.

“Eu amo você!” Grita fazendo gesto de beijo com as mãos. Fico feliz em ouvi-la dizendo isso, era bem disso que eu queria ouvir. De seguida retribuo o beijo e faço um aceno de despedida.

“Também amo você, mãe!” Ela sorri. De seguida liga o seu Mark x e se afasta aos poucos.

Enfim, mando uma mensagem para Cynthia antes de entrar na UCM. Não mandei antes, por causa da pequena discussão que tive com minha mãe.
Oi, como você está? Já fez o trabalho de psicologia médica? Deveria ter chegado mais cedo. E se ela não fez? Nem quero imaginar! Cynthia vai ficar chateada comigo e com toda razão, eu prometi que sempre daria meu trabalho para ela colar. Sei que é errado, mais é isso que as amigas fazem. Elas se ajudam, mesmo se for dum jeito errado.
Estou bem. Fiz sim, minha mãe ultimamente pega muito no meu pé. Lanço um suspiro de alívio por ela ter feito.
Sua mãe se preocupa com você. Explico. Ela é uma chata, isso sim. Cynthia responde.
Ela deveria agradecer pela mãe que tem. Catherine é muito legal, totalmente diferente da minha mãe. Eu adoraria ter uma mãe como ela, apesar de termos nos visto apenas uma vez, mãe da Cynthia foi mais legal comigo do que minha mãe nesses dezoito anos. Onde você está? Você está atrasada, eu já estou na faculdade. Vem logo, nerd. Ela muda de assunto.
Estou feliz por minha amiga ter feito o trabalho de casa. Ainda bem que está tudo de boa entre nos, odeio brigar com Cynthia. Ela é única amiga de verdade que eu tenho.
Entro nos portões da UCM. Claro, não seria surpresa! O quintal está cheio de estudantes como sempre. Me dirijo directamente a minha turma. Quando me aproximo, vejo algo de errado. Há um monte de pessoas na entrega do anfiteatro, várias bocas abertas, não sei bem se estão murmurando ou conversando, mas o ambiente está muito estranho para ser normal. Normalmente estariam todos na turma aguardando o professor.

             

                Capítulo 3


“Sam!” O chamo,  assim que me aproximo. Sam é um dos meus poucos amigos. embora, ele queira ser mais que isso. Sempre deixei claro que não queria me envolver com ninguém. Ele é alto, forte, seus cabelos são escuro liso e brilham muito. Está vestindo uma camisa preta de mangas compridas, calça jeans azul claro e um ténis preto. Ele é sempre bem arrumado, com a sua forma combinada de se vestir, que o deixam quase perfeito. Sua família é bem posicionada financeiramente. Como não? Todo dia ele chega com uma roupa nova!

“Oiii!”

“Oi, como você está? ” Ele cumprimenta com um sorriso, enquanto me defronta com seus olhos grandes.

“Estou bem.” Lanço um sorriso de volta.

“Não entendo oque está acontecendo aqui. ” Aponto ao redor do anfiteatro onde costumamos ter aulas.

“Porquê estão todos aqui fora? Ao em vez de, na sala de aula? ” Pergunto.

“ Pois… fomos dispensados.” Ele responde. Sam passa as mãos em seus cabelos lisos, alisando-os para trás. O brilho do seu cabelo é perfeito.

“Parece que há uma reunião lá em cima, com o chanceler. ” Ele  aponta o prédio no último andar, onde são feitas as reuniões somente quando o chanceler está presente. Algumas pessoas dizem que somente ele tem as chaves daquele andar.

“Se eu soubesse que não haveria aulas, ficaria em casa estudando. Pelos vistos perdi tempo vindo até aqui.” Resmungo sem Sam ouvir. Não acredito que levei bronca com a minha mãe pra nada! Merda

“Wanes!” Ouço duas vozes me chamando em uníssono atrás de mim. Consigo reconhecer as vozes familiares. Quando me viro para olhar, vejo Cynthia e Eric sorrindo. Não sabia que Eric sabia sorrir! Essa é nova.

Ela está vestindo uma blusa que deixa a parte inferior da sua barriga fora. A blusa é cinzenta de mangas curtas, sua saía jeans é bonita, mais curta para usar em uma universidade. Se eu me vestisse desse jeito para ir a Universidade, acho que minha mãe me expulsaria de casa. Seu ténis é All Star azul-escuro, seu cabelo loiro está preso num coque e suas duas mechas estão soltas na frente do seu belo rosto. Enquanto Eric…bom, o Eric é o garoto rico problemático que não se importa muito com os estudos. Adora festas, bebidas e meninas. Já pegou quase todas as garotas da nossa turma. Bom, «quase todas». Inclusive ele já dormiu com Cynthia várias vezes nesses quatro meses. No fundo eles se gostam. Mais Eric é um babaca mulherengo e não é um tipo que vale muito a pena. Está vestindo uma jaqueta de couro vintage, camisa branca transparente que dá pra enxergar perfeitamente seu peito. E está calçando botas pretas. Seu cabelo é castanho claro ondulado.

“Onde você estava garota, porquê demorou tanto para chegar?” Sou interrogada pela Cynthia, logo que eles se aproximam.

“É que, acordei meio tarde hoje…foi só por isso, não se preocupe. Eu já estou aqui. Isso é oque importa. ” Respondo com um sorriso. Até Eric chegou mais cedo que eu, isso está bem pior do que eu imaginava.

“Espero que seja só isso. A gente prometeu que não haveria segredos entre nós lembra?”
Quase me esqueço da promessa que fizemos há quase quatro meses atrás.

“E que nada estragaria a nossa amizade...” Termino.

“Sim! Eu lembro mamãe! ” A provoco, dando um suspiro acompanhado com um sorriso.

“Vaca.” Ela me dá uma cotovelada no ombro e a gente ri. 

“Eu não sou uma vaca”, murmuro. Sou pegada disprevinida com um abraço.

“Claro que não é.” Consigo sentir a frescura dos seus lábios quando ela me beija na bochecha. Fico feliz com o gesto carinhoso.

“Você parece muito cansada, não me diga que andou lendo aqueles livros ridículos sobre o amor até tarde!” Cynthia revira os olhos e depois nos descolamos do abraço. Ela me conhece muito bem. Realmente estou exausta!

“Cynthia!” Grito.

“Oque?” Ela responde como se eu estivesse chateando.

“Não são ridículos.” Deixo claro.

“Não fode! Você ainda contínua lendo essas bobagens! Que porra é essa? Quem lê uma merda dessas, em pleno século XXI?” Eric pergunta. Olho para ele, dou um suspiro mais não digo nada. Claro que não vou ficar perdendo tempo explicando para ele sobre os porquês gosto de ler livro até tarde. Mesmo se eu quisesse, não adiantaria muito, conhecendo o tipo de pessoa que ele é.

“Parem de ser chatos! Ler livros românticos é bem legal.”
Sou defendida por Sam. Não fico surpresa com isso, ele sempre fica do meu lado.

“Até parece!” Cynthia resmunga baixinho.

“Não seja irritante.” Dou um sorriso sínico de lado para ela.
Segundos depois, uma voz irritante nos interrompe.

“Meus pais viajaram e só voltam em duas semanas. Estou organizando um festão para esse final de semana. Vai ser legal...”

“Dúvido que seja .” O corto, sem dar espaço dele terminar. Seilá porquê o interrompi, algo me diz que não vêm coisa boa por aí.

“Mais legal do que uma merda de livros que você tem no seu quarto.” Grosso.

“Não seja babaca.” Sam o avisa e então ele contínua falando da festa.

“Vários quartos estarão disponíveis para caso de, vocês sabem, se quiserem levar ‘Namorados ou namoradas’ e quiserem seilá, dar uma trepada gostosa por exemplo. Bom, os quartos estarão prontinhos para vibrar. Vai ser divertido! ” Eric informa num tom ufanista, enquanto acaricia seu peito para fazer charme. Esse garoto se acha!

“Que bizarro!” Sam faz cara de nojo.

“Eu acho, que você não deveria dar uma festa enquanto seus pais estão viajando. Envés disso, você deve se comportar até eles voltarem.” Sam tenta dar a ele um choque de realidade. Pela cara dele, aposto que está preparando um comentário malcriado.

“Eu até ligaria para a sua opinião, mas estou sem créditos!” Ele responde com sarcasmo. Sabia!

“Nossa! Você é muito nojento! Quem leva um monte de gente em sua casa para fazer sexo no momento que os pais viajam? Você é um psicopata da pior espécie! ” Digo. Estou espantada com o que ele acaba de dizer sobre essa festa idiota.

“Não nojento querida, gostoso você quis dizer.” Ele pisca os olhos sem parar de falar comigo. Cynthia parece desconfortável com oque vê. Não sei como ela consegue gostar de alguém como Eric.

“Não enche. ” Murmuro.

“ E claro que não vou. Eu não faço esse tipo de coisa.” Esclareço. Querendo botar um fim nessa conversa que obviamente não entendo nada. Esses assuntos me deixam desconfortável.

“O quê! O que você não faz, Wanessa?” Ouço uma voz irritante me enchendo o saco. Há muita malícia num seu tom de voz.

“Você não bebi? Ou não trepa com o teu namorado? ” Ele pergunta, totalmente curioso. E percebo que está gostando dessa conversa idiota.

“Porquê do jeito que você se preocupa com os estudos é demais! Acho que nem tem tempo para fazer algumas safadezas. viva a vida e aproveite o tempo. Você é jovem! Precisa se soltar certo? A gente nunca sabe oque vem pela frente. Aproveita.” Olha quem vem me falar sobre a vida! Um garoto que mal sabe o conceito disso. Segundos depois começo a achar que Eric tem razão. Eu deveria aproveitar o tempo, ele não volta atrás. A gente só tem uma vida e a vida precisa ser vivida. Intensamente.

“Eu não vou.” Grito.
Alguém murmura logo depois que acabo de deixar claro que não vou à festa.

“Eu também. “Ele diz.

“Estarei fora da cidade nesse final de semana, então não vai dar. ” Informa Sam, enquanto alisa seus cabelos para trás. É a segunda vez que o vejo fazendo isso hoje. Claro, não esperava uma resposta diferente do Sam, ele não é muito de festas idiotas como Eric.

“Não sabe o que perde. ” Eric avisa.

“Sei sim. Um monte de gente bêbeda fumando maconha enquanto seus país viajam. ” Sam responde calmamente. Eric lança um chiado, mas Sam parece não dar importância.
Enquanto isso, os interrompo enfrentando Eric com meu olhar.  É um olhar familiar, sempre que olho para alguém desse jeito, acabo fazendo alguma besteira. Alguma merda bem merdada na verdade.

“Respondendo a sua pergunta… ” Pela sua cara, parece não se lembrar da pergunta.

“Qual? ” Ele Pergunta. Não dou voltas e digo sem demora.

“Primeiramente, eu não bebo. E segundo, nunca trepei com nenhum homem. Nunca tive namorado. Por isso, não precisei « trepar.» ” Digo rapidamente . No mesmo momento me arrependo pelo oque acabei de dizer. Vejo todos de boquiaberta com excepção da Cynthia. Ela sempre soube disso, não há segredos entre eu e ela.

“Isso é verdade?” Sam pergunta. Pela sua cara, parece tão surpreso quanto o Eric.

“Claro, não inventaria uma coisa assim ” Digo, tentando parecer a mais relaxada o possível. Que tipo de burra sou eu? Quem sai espalhando para rapazes que é  virgem?
Nem sei porquê contei isso. É algo muito pessoal. Deve parecer muito esquisito, ver uma garota universitária ainda virgem. Que vergonha!

“Que pena linda, você não sabe oque está perdendo. Quando se sentir pronta, vem que eu te dou umas aulinhas. Sei fazer coisas incríveis com a língua. Você vai adorar.” Ele me olha com um sorriso malicioso. Sam o ameaça com um olhar e ele se rende. Espero que esse assunto fique por aqui. Eu não deveria ter contado.

“Qual é a sua?” Cynthia berra.  Alguém está com ciúmes.
“Fica calma! Eu apenas, estava brincando com ela.” Ele responde. Seu tom de voz é relaxado, mostra totalmente que não percebe que Cynthia está com ciúmes.

“ Não foi oque pareceu.” Responde Cynthia. Ela sabe que  eu jamais daria bola para um garoto que ela gosta. Pior ainda sendo alguém como Eric. Cynthia quer tentar fazer com que ele deixe de dar bola para outras garotas. Mais no fundo, ela sabe que é uma missão quase impossível. Todos sabemos disso.

“E daí?”  Eric bufa. Ele coloca suas mãos bem afundo dos seus bolsos.

“Se liga garota!” O folgado tira a mão esquerda do bolso e faz gesto de celular.

“Quem olha até pensa que a gente é namorado e que você está tendo crises de ciúmes.” Ele esbraveja. Depois se vira, para perguntar Sam se quer ir com ele tomar uma Coca-Cola na lanchonete que está perto do portão da saída da universidade. Ele diz que sim, seguidamente se dispensam de nós e se afastam.


               Capítulo 4

Cynthia parece triste, não sei exatamente oque dizer para a confortar. Não suporto ver ela  magoada por alguém como ele.
Gostaria de dizer para ela o esquecer, porque na verdade ele é um garoto mimado, sempre teve tudo e duvido que queira largar a ‘vidinha’ de Playboy que tem, por ela. Nem por ela, nem por ninguém. Todas as garotas da turma sabem, o tipo de comportamento sujo que ele tem, por esse motivo, ninguém o leva a sério.

“Vem cá ”, Digo. levanto os braços , pedindo a ela um abraço. Talvez isso a tranquilize. Meu abraço é correspondido com um sorriso que demostra conforto. Coloco minhas duas mãos em suas costas, fazendo movimentos circulantes para que ela fique mais calma.

“Você sabe que não vale a pena ficar triste por ele. Não sabe?” Pergunto segurando o rosto dela com a duas mãos, implorando para que me olhe. Ela me olha.

“Eu sei. Gosto dele, apesar de tudo. Eric é um escroto.” Ela lamenta. Dou um suspiro de alívio, por Cynthia estar sendo sincera consigo mesma.

“ Pois é, ele é bem idiota na verdade.” Digo. Nos
desgrudamos  vagarosamente e as duas sorrimos.

“Você pode me acompanhar no centro comercial?” Ela muda de assunto. Não sei se isso é bom, ou não. Espero que seja a primeira opção.

“Preciso comprar algumas roupas. Por favor?” Cynthia cruza as duas mãos, como se estivesse a rezar. É bom saber que ela não vai ficar se deprimindo por causa dele.

“ Não vai dar amiga. Preciso estudar. Você sabe, minha mãe…” Tento fazer entender. Não é só pela manhã mãe, estou esgotada. Mal dormi anoite.

“ Por favor, Wanes.” Cynthia Implora, ainda com as mãos cruzadas.

“Eu sei, que se sairmos, voltaremos tarde! E minha mãe vai gritar comigo por isso. Você sabe o que ela pensa sobre nossa amizade. Digo, não que eu me importe com isso. Só, não quero brigar. ” Tento explicar para ela.

“As cinco e meia da tarde, Eu deixo você em casa” Ela jura.

“Não enciste Cynthia. Eu não vou” Mordo os lábios.

“E você não pode jurar em vão, com toda a facilidade do mundo.” Conheço ela o suficiente, para saber que está mentindo e não é uma boa ideia jurar em vão.

“Por favor, Biscoitinho.” Ela começa a fazer piada e eu dou um suspiro de irritação.

“Eca! Não me chama assim! Isso é ridículo.” Murmuro, fazendo uma expressão de nojo com o rosto.

“Oque foi Biscoitinho de leite?” Ela lambe os lábios inferiores e me olha com um sorriso irritante e isso me irrita ainda mais.

“Cynthia!” Chamo atenção.

“Só quando você aceitar ir. ” Ela avisa, sem parar de fazer essas coisas nojentas.

“Você está sendo muito infantil.” Aviso. Claro que está e ela sabe disso.

“Relaxa linda, você está muito com gosto de leite hoje.” Ela contínua. Agora está fazendo sons de gemidos. Qual é? Isso é patético.

“Biscoitinho! Ai, ai, ai. isso, você está delicioso … contínua …” Faço um olhar de irritação. Ela me olha.

“Oque foi? Estou falando dos biscoitos de leite deliciosos.” Consigo ver ela chupando seus dedos com muito gosto. Sei que está fazendo isso para me irritar, nem parece alguém que a poucos instantes levou um fora! Um baita fora na verdade.

“Cynthia para com isso!” Aviso. Sei que ela não vai parar. Pelo menos, não até eu me render e ir com ela ao centro comercial.

“ Só quando… ” Ela revira os olhos.

“Sinto muito, mais não.” Balanço a cabeça negativamente.

“Isso, você está delicioso, não vou parar de comer você…” O que há com ela?

“Não quero brigar com a minha mãe. Não enciste Cynthia!” Digo. Ela para de fazer aquelas coisas nojentas, me olha como se não estivessem acreditando no que acabo de dizer.

“Wanessa por Deus! Que puta poraa de medo é esse que tem pela sua mãe. Você já tem dezoito anos! pode viver sua vida da maneira que quiser. Já não precisa de uma babá para dizer o que fazer não acha?” Cynthia diz, com toda sinceridade. Já é a segunda vez no dia de hoje que alguém me diz sobre se soltar, porque a vida é pra ser vivida sem medo.

“Pois eu… é, eu sei.” "Você tem razão". É oque tento dizer, mais as palavras não saem.

“Vou entender isso como um sim.” Parece que ela está achando que, já tem o total controlo sobre minha resposta. Dou um suspiro profundo e pergunto:

“Tenho opções? ” Sei que não tenho. Só, sou uma idiota fazendo uma pergunta retórica.

“Claro que você tem.” Olho para ela franzindo a testa. Aie?

“Posso saber quais são?” Pergunto.  Dúvido que tenha alguma opção. Abro a boca e balanço a cabeça.

“De vir comigo ou ir comigo. ” Lanço um sorriso, como de quem não está acreditando no que acaba de ouvir.

“E por acaso, pra você isso se chama opção?” Faço um olhar misterioso, no momento em que pergunto.

“Não. Esse é apenas, meu jeito educado de dizer que você não tem opção, nerd. ” Ela ri. Se era para ser uma piada, dessa vez não teve graça como a dos biscoitinhos. Admito. Foi divertido ver ela fazendo aquelas babaquices ridículas.

“Você é surreal”, Fico de boquiaberta, como se estivesse vendo algo incrível.

“E não vale nada. “ Termino a frase. Olho bem no fundo dos seus olhos.

“Eu sei.” Ela confirma.

“Agora vamos.” “Não quero ser obrigada a puxar você pelos cabelos daqui.” Faço que sim com a cabeça. Nós dirigimos até o estacionamento da UCM em direção ao seu carro. O pai a ofereceu logo depois que ela completou dezoito anos, no ano passado, quando frequentava o ano propedêutico.

O carro é cinzento, da marca Honda Fit. Ela diz que é um lata velha, sempre discordo dela, eu iria ficar muito feliz se meu, se minha mãe me oferecesse um desses. Seria muito para mim.
Quando entramos no carro, ela o liga e coloca a música Just say you won´t let go de James Arthur. Nós as duas amamos essa música. Embora, eu ame mais na verdade. A gente canta durante a viagem toda, a sua viatura é confortável, as cadeiras estão bem duras e cheiram a novo. Logo que chegamos ao centro comercial, entramos na loja de roupas, ela virou o verdadeiro perdulário. Cynthia escolhe várias roupas, saías bem curtas e eu não posso reclamar, esse é o jeito dela e eu já estou acostumada. Apesar das suas saías muito curtas que deixam suas pernas fora demais, me deixarem um pouco preocupada. Cynthia não é rica, mais as condições da sua família são estáveis o suficiente para ela ter quase tudo que quer. Decido não comprar nada, até porque não tenho dinheiro para gastar.
  Cynthia se oferece para comprar alguns acessórios para mim, mais me recuso em aceitar.

“Por favor, Wanessa. Você precisa experimentar esse.” Ela me enciste, apontando para aquele maldito vestido que está pendurado na vitrina da loja enquanto caminhamos até lá.

“Nem pensar! Não visto isso, de jeito nenhum.” Me recuso, logo que entramos na loja de roupas femininas. Como ela acha que vou vestir isso!

“Para de bancar a durona, caramba!” Ela grita. Suas mãos estão no bolço de trás, de sua saía jeans.

“De jeito nenhum.” Recuso. No momento em que me aproximo, vejo que o vestido não é nada feio como pensei. Mesmo assim, não me sentiria bem vestindo isso, parece elegante de mais para além de ser sedutor e curto. Claro que tinha que ser muito curto. Bem gosto da Cynthia.

“Por favor.” Ela pede. Se o vestido é tão importante assim, porquê ela não experimenta?

“Experimenta você.” Digo sem rodeios. Eu não quero isso.

“Eu até que iria experimentar. Você sabe, não tenho preguiça com esse tipo de coisa.” Reviro os olhos.
 
“Esse vestido tem a sua cara.” Ela olha para o vestido, como se fosse algo de outro mundo. Porquê Cynthia é tão obcecada com roupas novas? São apenas roupas! Nesse momento ela está caminhando em direção daquele manequim ridículo, onde está o vestido horroroso. Ta legal, adimito. Ele não é horroroso na verdade.

“Por acaso ele disse pra você, que tem a minha cara?” Ironizo. Ela dá um suspiro.

“Fazemos assim. Você experimenta, se não gostar, a gente deixa. Prometo.” Acabo concordando. Apesar de ter certeza que não vou levar isso. Cynthia chama uma mulher loira. Ela é alta, se parece mais com uma recepcionista de hotel, pelo modo que está vestida. Está vestindo um colete preto, saía preta formal acima do joelho, camisa branca uniforme, gravata borboleta e o seu cabelo está preso num coque.

“Caramba! Você está gata de mais.”  Sou elogiada por Cynthia, logo que experimento o vestido verde, idêntico ao que está pendurado na vitrina. Não sei se está dizendo isso porque é verdade, ou apenas, está tentando me convencer a levar.

“Se eu fosse um homem, juro que comeria você feito louca agora mesmo!” Ela me olha de cima para baixo, balançando a cabeça de boquiaberta. Eu reviro os olhos.
“De costas, você olhando para o espelho. Aposto que seria bem gostoso comer você desse vestido enquanto te observo do espelho...”

“Cynthia!” Dou um gritinho ameaçador mais nada sério.

“Desculpas. Não tá mais aqui quem falou.” Ela levanta seus braços para cima, como alguém que está se rendendo.

“Nossa! ” “Essa não sou eu, ou sou? ” Quando me aproximo do espelho da caverna horrível, que eles disponibilizam para suas clientes experimentarem roupas, não posso acreditar no que estou vendo! Quase não me reconheço.

“Pode acreditar que é.” Cynthia responde. obviamente orgulhosa por ter conseguido me convencer. Meio que, obrigando na verdade.

“Você deve vestir esse, no dia da festa, na casa do Eric.” Ela aponta para o vestido em meu corpo, fingindo que não queria dizer oque acaba de dizer.

“Eu já disse, que não vou.” Deixo claro.

“ E você também não deveria.” Aviso a ela. Peço ajuda Cynthia, para  abrir o zíper do vestido. Meus braços não conseguem alcançar o zíper, para o deslizar pra baixo. Realmente ficou lindo.

“Porquê não?” Ela pergunta. Haja  Paciência.

“Sério, Cynthia! Ele nem se importa com você. E por cima, não se arrependeu pelo jeito que te tratou hoje. Mesmo assim, você pensa em ir para essa festinha ridícula? ” Não consigo acreditar, depois dele ser um idiota com ela, Cynthia pensem em ir.

“ Não é ridícula e...” Ela retruca. Tentando defender ele obviamente.

“além do mais, ele me mandou uma mensagem se desculpando. Faz pouco tempo.”

“Uma mensagem? Sério isso!” Pergunto bufando. Que absurdo! Isso é inacreditável. Ela é inacreditável. Dessa vez Cynthia se superou na lista das mulheres mais burras da humanidade. Isso, se essa lista existe!

“Por favor, vamos mudar de assunto.” Cobarde!

“Tem certeza?” “Tenho.” Ela responde.

“Está certo.” Concordo balançando a cabeça. Claro que não concordo! Apenas respeito a decisão dela, de não querer falar sobre isso.

“ Bom, eu gostei desse vestido e de como fica em você. Querendo ou não terá que levar. E fim de papo.” Ela se oferece para pagar, depois de várias tentativas minha de recusar. Acabo perdendo para ela. Sei que se  tentar dizer que não, ficaremos horas aqui. Então decido aceitar.

“Dá próxima, eu que pago.” Aviso. Ela concorda sorrindo.


             Capítulo 5

Depois de horas escolhendo roupas, curtas por sinal. Entramos num restaurante Fast- food que chamamos de Comilão, onde aguardo os hambúrgueres com batatas fritas, enquanto Cynthia faz os pedidos. Quando me sento na cadeira dura, que parece estar bem fixada. Na minha frente, tem um prédio que parece ter nove andares. Isso se eu não estiver errada na contagem. Consigo ver vários homens vendendo chinelos, celulares e roupas velhas pelo passeio do prédio. Mais em frente no primeiro andar, vejo a loja de operadora móvel Vodacom. Há uma bicha enorme de pessoas do lado de fora, precisando de atendimentos e uma outra bicha, não muito exagerada como a primeira, que parece ser do caixa eletrónico. Olho para cima, no segundo andar do prédio "TVM", vejo as escritas gigantescas da rede de televisão pública do país, que tem mesmo nome. Percebo que o andar da rede de televisão, está em péssimas condições. Os vidros das janelas estão quebradas, a pintura está totalmente acabada. Isso me deixa um pouco triste.

“Espero que gostem.” Uma menina vestindo um avental vermelho com desenhos de hambúrguer e um chapéu branco, escrito comilão diz educadamente. Ela deixa os pratos com os hambúrgueres sobre à mesa, avisando que mandaria alguém trazer duas lata de refrigerante. Pela sua aparência, parece ter dezasseis anos. Começo a me perguntar, os porquê ela está aqui nos atendendo ao envés de estar estudando ou algo do género.

Assim que terminarmos de comer, vejo desenhos de picolé, na lona que está por cima da sorveteria do nosso lado esquerdo. Não tinha prestado atenção.

“Eu quero esse.” Cynthia aponta para o gelado de água, que consiste de um bloco congelado, que pode ser feito de suco de fruta ou bebida doce, habitualmente na forma retangular ou cilíndrica, possuindo um palito.

“Eu detesto isso!” Aponto para o picolé nojento que ela está lambendo com todo gosto.

“Prefiro esse.” Olho para o sorvete de baunilha em uma taça, em que uma mulher linda, de saltos super altos, vestindo um vestido azul-marinho de alça leva no balcão da sorveteria.
Assim que meu sorvete fica pronto, me divirto vendo Cynthia fazendo expressão de nojo com o rosto, enquanto me delicio do sorvete. Ela diz que sorvete é horrível, que não deveria nem sequer existir, tem um gosto esquisito e picolé é bem melhor. Não acredito nisso. Até porque sorvete é bem mais gostoso que picolé. Todo mundo sabe disso. Embora não tenha muita diferença na verdade. No final de contas, os dois são gelados. Ficamos discutidos sobre isso por vários minutos até… 

Até eu olhar para o relógio do celular. Entro em estado de choque.

“ Já são oito e meia da tarde! Minha mãe vai me matar.” Claro que vai. Minhas mãos estão bem em cima da minha cabeça nesse momento.

“Você não cumpriu com a promessa de me deixar em casa as cinco e meia da tarde.” Olho para Cynthia. Sei que tenho uma culpa em parte, deveria controlar as horas e alertar ela sobre isso. Estava me divertindo tanto que acabei me esquecendo das horas. Assim como ela.

“Provavelmente não vi a hora passar. ” Ela mente, desviando o olhar. Sei bem quando está falando a verdade e nesse momento está mentindo.

“Eu imagino.” A olho fixamente, tentando tirar a verdade da sua boca. Nada acontece.

“Para de ser chata! Levanta que eu te levo pra casa. ” Cynthia murmura no momento que se levanta.

Mãe da Cynthia não determina as horas de chegar em casa como a minha. Por esse motivo, ela não se preocupa tanto com isso. Tiro as mãos da cabeça e ela as segura, seguidamente me leva até o carro.

A viagem é cansativa, ninguém está a fim de falar. Estamos esgotadas.

“Está entregue! ” Ela avisa.  Abro a porta, saio do carro, depressa. Me dirijo até o portão de casa. 

“Tchau nerd” Ela despede-me.

“Espero que, a sua babá tenha deixado a mamadeira pronta.” Cynthia grita, se divertindo com a piada sem graça. Sua cabeça está do lado de fora, na janela do motorista nesse momento.

“Você não presta.” Grito balançando a cabeça.

“É, você já disse isso hoje”, Ela se gaba. Sério? Me diz, quem tem orgulho de não valer nada? Cynthia tira sua cabeça da janela seguidamente liga o seu carro, e se vai.

Abro a porta, torcendo para que minha mãe não tenha ouvido oque Cynthia disse. Cynthia é brincalhona, ela gosta da minha mãe apesar dela não sentir o mesmo.
Quando fecho a porta. De repente, sou domada pelo cheiro forte que rapidamente me dá água na boca. Corro até a cozinha e lá encontro minha mãe. Ela está preparado uma lasanha de frango, que parece deliciosa. Embora já tenha comido bastante com Cynthia, não tenho como não provar essa delícia de lasanha, que parece quase perfeita.

“Boa noite mãe! ” Comprimento com um abraço pelas suas costas.

“Boa noite meu amor”, Ela me cumprimenta com um sorriso.

“você demorou!” Ela diz.

“Eu sei mãe...” Respondo.

“É que, o dia foi muito cheio, tive muitas coisas para fazer… foi por isso. ” Respondo abrindo a geleira para pegar uma garrafa de água. Decido não falar sobre minha saída com Cynthia, nem sobre não ter aulas na faculdade. Não estou a fim de brigar com ela.

“Vou tomar um banho, antes de jantar. Estou esgotada.” informo segurando um copo de vidro. Dou um gole de água.

“Tudo bem. Não demora, o jantar estará pronto daqui a alguns minutos.”
 
“ Certo mãe. ”

Vou para o bainheiro, tomo um  banho. Quando chego no meu quarto, visto meu pijama cor-de-rosa, com desenhos de borboletas azuis, como de sempre que minha mãe comprou. Não acredito, que contínuo vestindo isso até hoje! Porquê que tudo nesse quarto tem que ser de borboleta? O fato do nome “Wanessa.” Significar:
Como uma borboleta’ não significa que eu tenha que ter tudo com desenho delas no meu quarto. Faço um coque em meu cabelo e me jogo na cama.
Quando pego no celular, já são cinco e meia da manhã. 


                 Capítulo 6

Oi mocinha, você esta aí?  Dou de cara com uma mensagem de Sam, assim que pego o Celular. Pelos vistos caí no sono e nem me dei conta. Parece que minha mãe não quis me acordar.

Levanto da cama, vou à cozinha. Preparo meu café e tomo antes de me preparar.
Tento fazer tudo o mais rápido possível pra não deixar minha mãe brava, como no dia anterior. Decido vestir saía vermelha acima do joelho, blusa branca mangas cumpridas e calço melissas vermelha. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo,com uma fita preta, fazendo um lacinho. Pego a mochila, me dirijo à sala.

Minha mãe está sentada na sala me esperando, ela colocou um vestido justo azul-escuro e umas sandálias pretas simples. Seus cabelos estão bem cacheados como sempre. Porquê ela exagera muito na maquiagem ultimamente? Seu rosto está mais claro que o corpo. Ela deve aceitar, que não é pintando a cara exageradamente de branco, que vai fazer com que deixe de ser negra. Começo a ter serteza, que se a minha mãe tivesse dinheiro para fazer as cirurgias que o Rei do pop, Michael Joseph Jackson fez para mudar sua aparência, ela faria. Embora, ele teve seus motivos para fazer.

“Bom dia mãe, como você acordou?” Ela se levanta. Dou um abraço nela. Minha mãe parece feliz com isso.

“Bem amor, como acordou? Ontem você estava dormindo, pensei que estivesse muito cansada. Não quis acordar você.” Ela explica.

“Realmente estava muito cansada, por causa do passeio com a Cynthi… Quis dizer, por causa das aulas, foram intensas.”

Não acredito que estava quase dizendo para minha mãe que saí com Cynthia ontem. Onde eu estou com a cabeça? Nas nuvens, de certeza.

“Quer comer alguma coisa?” Minha mãe pergunta.

“Posso esquentar a Lasanha. Sobrou muito.” Ela sorri. Gosto de ver ela sorrindo. É bem melhor do que...

“Não mãe. Estou sem fome. Vamos logo.” Ela faz que sim com a cabeça. A gente sai.
Ainda bem que ontem não tivemos aulas, e eu não precisei fazer nenhum trabalho, caso contrário estaria morta obviamente.

“Nem me lembro de como peguei no sono, ontem anoite!”

“Chegamos!” Ela anuncia. 

“Você deveria colocar um pouco de brilho labial, para umidecer os lábios”

“Sem chance mãe” digo a ela. Não sou muito boa com essas coisas de pintar os lábios. Mesmo se for com algo que pareça mais com óleo de cozinha perfumado, do que um produto cosmético utilizado principalmente para dar brilho aos lábios. 

“Você é quem sabe.” Ela retruca. Reviro os olhos.

"Isso tá seco de mais" Ela resmunga baixinho, como se quisesse que eu não a ouvise. Sei bem qual é jogo dela, e claro que ela queria que eu ouvisse.
A dou um abraço, me despedindo e ela se vai. Tiro os auriculares da mochila, conecto com o meu celular que estava no bolso de trás da minha saía. Caminho até os portões da Universidade escutando a música Thank you Next de Ariana Grande.  Ariana é uma das cantoras que mais amo no mundo... De repente, alguém me dá um empurrão de trás e quase tropeço no chão. Parece que foi mais ou menos de propósito. Me viro para ver quem é.

“Oi.” Digo, mais ele contínua andando, sem nem se quer se virar para pedir desculpas.

“Oi.” Grito. Ele se vira para me olhar. Por um instante, pensei que quisesse se desculpar, mais nada disso acontece.

“Oque é?” O rapaz pergunta. Seu tom de voz não demostra arrependimento.

“Você não percebeu que me empurrou?” O rapaz olha pra mim, mais fica em silêncio. De serteza ele está nem aí. Nota-se.

“Você não ouviu? Fiz uma pergunta?” Pergunto. “Vi. Mais e daí?” Ele só pode estar brincando!

“Você deveria se desculpar. Isso, é oque pessoas normais fazem não acha?” Pergunto.

“Eu não quero ser normal ” Ele diz. Pelo seu tom de voz, me parece mais com um aviso do que uma afirmação.

“e  eu não peço desculpas.” Sua expressão é claramente sádica. Grosso.

“Você deveria ser mais educado com as pessoas.”

“E quem você pensa que é para me dizer o que fazer” Ele se aproxima. Não sei se é um pergunta ou afirmação. Sua forma de se expressar não está sendo muito clara. Fico em silêncio, sem dizer nenhuma palavra. Ele não parece ser daqui, não sei donde é, mais não é Moçambicano. Seu português é perfeito, mais sua forma de pronunciar, é como se quisesse falar inglês. 

“não precisa ter medo de mim.” Sua expressão é fria. Quem disse que estou com medo? Ele coloca as mãos no seu bolso. Só um pouquinho.

“Eu não mordo. Só, um pouco.” Ele admite ironicamente.

“Sai fora.” Coloco minhas mãos em seu peito para o afastar, e eu poder passar. Não consigo, ele é bem mais forte. Tento o empurar, mais ele não se move. Porquê não passa ninguém por aqui? Essa é a entrada principal, deveria ter gente passando. Assim eu pudia pedir socorro e até mesmo inventar que  esse garoto está me ameaçando. Admito, não teria coragem de fazer isso, não sou uma sem alma como esse rapaz.

“Ninguém me diz oque fazer, ainda não ficou claro?” Ele pergunta seriamente.
Não consigo dizer nada. Esse garoto quer briga e não vou dar esse gostinho a ele. Ele me olha,  em fim se rende.

“A gente se vê nerd.” O rapaz dá de ombro. E quase se afasta,  mais em questões de segundo ele dá meia volta.

“Você deveria deitar fora essas melissas, são horríveis e parecem mais com aquelas coisas ridículas que os palhaços colocam no pé para se apresentar no circo de diversão.” Ele aponta para melissas vermelha que estou calçando,  antes de ir embora.

“Babaca.” Digo na esperança que ele escute, embora pareça que não tenha ouvido, porque já está distante de mim. Fico furiosa, mais em questões de segundos, começo a me perguntar sobre o porquê “ele me chamou de nerd?” Pelo menos até onde sei, única pessoa que me chama desse jeito é a Cynthia. E nem sei porquê ela me chama desse jeito para o início de conversa. Eu não sou Nerd.

“É muita coincidência.” Bom, prefiro acreditar que seja somente isso. Espero não voltar a ver ele. A Universidade é grande, talvez ele esteja num outro departamento. Único departamento mais próximo do nosso, é o de Ciências Sociais e Humanidades. Pensamentos de que ele esteja na faculdade de Ciências e da Saúde me apavoram. “ Não. Nunca mais vou cruzar com ele. A universidade é grande.”


                 Capítulo 7

Sam está conversando com alguns colegas, no momento em que me aproximo. Ele faz um gesto com as mãos, dizendo para eu me aproximar. Quase sempre, ele é o primeiro do nosso grupo a chegar na universidade. Seu jeito pontual é uma das suas qualidades, entre muitas que ele tem.

“E aí? Como você está?” Pergunta Sam, assim que chego mais perto. “Oí” Comprimento os colegas com um aceno de mão.

“Olá” Eles respondem sorrindo. Sam está lindo como sempre. Hoje ele está vestindo uma calça jeans clara, camisa preta e tennis  preto. Suas roupas são chiques. Caríssimas.

“Bem. ” Digo. Sorrio paro ele e ele devolve.

“Alex” Sam o chama, no momento em que eu e ele quase nos afastamos.

“Oi?” Seu amigo responde perguntando.

“Passa na minha casa mais tarde. Não esqueça que temos apenas um mês, antes do exame.”  Ele diz que sim. Mil imagens de como seria a mansão gigante de Sam, bóiam em minha mente, embora nenhuma chegue a ser satisfatória. Sempre estou dando voltas quando ele toca no assunto de eu ir pra casa dele. Pensando bem, dá próxima que me convidar, eu vou. Ele é meu amigo, não seria nada de mais.

Ao contrário de mim, Sam conhece na minha casa. Já me deu carona várias vezes na minha volta da faculdade para casa. Embora nunca tenha chegado até na porta, por medo da senhora bomba que é a minha mãe. Eu disse pra ele que ela é super confusa, não iria gostar nada de nos ver juntos. Mesmo ele sendo o tipo de rapaz que ela quer pra mim. No futuro.  Por conta disso, Sam sempre me deixou no portão do Hélder. O nosso vizinho esquisito da árvore irritante. Na verdade, acho que Sam ficou com medo da minha mãe. Com toda razão.

Nos afastamos do grupo, indo em direção ao anfiteatro onde costumamos ter aulas.

“Quando começa a preparar os exames?” Sam pergunta, assim que chegamos na porta da turma. Para falar verdade, não tinha pensado sobre isso ainda. Onde ando com a cabeça?

“Talvez daqui a duas semanas?” Minha voz sai meio esquisita. Algo que seria uma afirmação se tornou uma pergunta. Mordo o lábio inferior. Sam ri.

“Você é engraçada sabia?” Ele se encosta na parede, de seguida prende uma mecha rebelde atrás da minha orelha. Fico envergonha com seu gesto carinhoso. Ele abre a mochila  para tirar algo.

“Pra você” Sam me entrega um livro.
Quando seguro, observo o livro. Um outro livro cai da sua mochila, oque me distrai.

“Romeu e Julieta.” Lemos ao mesmo tempo. Ele apanha e se levanta.

“É a história mais trágica de amor que já li na vida.” Seguro as lágrimas. Essa história sempre me emociona.

“É o amor mais verdadeiro que já li, e não me canso de reler.” Ele se orgulha em afirmar que é a décima quarta vez que relé. Mais se assusta, quando digo que já li umas cinquenta e cete vezes nesses quatro meses.

“Qual é a conclusão que você chegou, depois de ler esse livro?” Pergunto. Ele sori, é um sorriso contagiante. 

“Cada um, entende essa história do seu próprio jeito. Uns criticam outros não... A história de Romeu e Julieta é uma das histórias de amor mais verdadeira...” Estamos tão dentro do assunto, e nos esquecemos que estamos quase na porta do anfiteatro. Dificultando a entrada e a saída das pessoas que passam pela porta.

“Alguns dizem que a história só ensina que quando você ama de verdade, o melhor a fazer é se matar ou que essa história de amor se resume em: eu ti dei corda e você me deu nó.”

Lágrimas escorrem sob meu rosto. É impossível evitar. Esse romance meche com a minha emoção.

“A verdade é que Romeu e Julieta nos ensina que, por mais que o mundo todo fique contra, se o amor é de verdade, você precisa lutar, com todas as forças. Não significa que as pessoas devem se matar por amor. As pessoas devem lutar para ficarem juntas.” Ele usou as palavras certas. É difícil encontrar alguém que defenda o amor de Romeu e Julieta. Muitos gostam da história de amor que eles tem. Mais no fundo, há maioria só critica o final trágico. Dizendo que só nos ensina que quando alguém ama de verdade, tem que se matar. Não! Romeu e Julieta, essa história, ensina o que é o amor, amor de verdade. Ensina a lutar pelo amor.

Não consigo me conter e dou um abraço nele. Suas palavras me emocionaram. Eu e ele pensamos iguais.

“O professor Jacob chega em dez minutos.” Alguém avisa da porta, no momento em que me desgrudo do abraço. Não deu tempo de ver quem é.

“A despedida é uma dor tão suave que diria boa noite até o amanhecer...” Sam pronúncia perfeitamente o trecho do livro.

“Não é uma despedida, só vamos para aula do Jacob.” Digo. Ele sorri.

“Belo desastre.” Mundo de assunto, assim que leio o livro que Sam me ofereceu.

“Você vai gostar” Sam guarda o livro de Romeu e Julieta.

“Vou sim.” Confirmo sorrindo. Claro que vou. Já ouvi falar desse livro muitas vezes. Dizem que é muito bom. Só, nunca tive uma oportunidade de ler.

“Me desculpe por não responder sua mensagem, ontem foi um dia bem cansativo.” me justifico enquanto caminhamos até a turma e ele responde:

“Não se preocupe, eu entendo.” Sam é muito compreensivo. O anfiteatro está cheio, mais cheio que o normal. O dr Jacob deve ser muito gostado, na aula dele quase todos os estudantes estão presentes. Não posso dizer o mesmo dos outros professores.

“Você está linda. Quer dizer”, Sam sussurra em meu ouvido, logo que nos acomodamos na terceira fileira, a primeira e a segunda estão lotadas.

“sempre está.” Ele termina a frase.

“Obrigada.” Agradeço com um sorrisão meio desconfortável, porque ele não para de olhar para mim e isso está me desconfortando um bocado. Não muito.

“Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, pra fazer você feliz” isso se parece mais com uma pergunta do que afirmação.

“Sam eu...” Gaguejo, ele me interrompe.

“Gosto de você Wanessa, isso nunca foi novidade. Me diz se tenho algum tipo de chance com você. Por mais que seja pequena.” Olho para baixo por alguns segundos, mais depois ele levanta meu rosto para eu o encarar. Por um instante fico sem ter oque dizer. Ele pedindo uma chance, no meio da turma! E eu não sei o que dizer. Não quero magoar ele. Sei que Sam me faria feliz, temos tantas coisas em comum que perco a conta! Ele é o tipo de garoto que minha mãe aprovaria. Mais tarde. Eu não estou preparanda para namorar alguém só, não sei como dizer isso. Sem o machucar.

“Sam eu… bom”, Mais uma vez estou perdida nas palavras, sem saber oque responder para meu amigo sem o magoar. Não posso dizer sim, porque não quero dar a ele falsas esperanças. Também não posso dizer que não, porque não quero o magoar. Ele é muito legal comigo. Por um instante quando decido falar qualquer merda.

O dr Jacob, professor de psicologia médica, entra na sala de aula. Dou um suspiro de alívio por adiar responder essa pergunta, que provavelmente terei que responder a ele cedo ou tarde. Fico preocupada porque não vejo Cynthia, nem Eric. Quanto ao Eric, decido não me preocupar. Ele quase nunca entra na sala de aula. Não é da minha conta. Tenho certeza que ele diria para mim: “Eu não preciso de uma babá.

 

                         Capítulo 8

“Você quer comer alguma coisa?” Sam pergunta, assim que a aula termina. Faço um gesto de sim com a cabeça. Estou morrendo de fome.

“Então vamos.” Ele coloca seu braço direito no meu ombro. Caminhamos até a lanchonete perto do portão da saída da universidade. Estou me sentindo aliviada, por ele não tocar sobre ter uma chance comigo. Fico surpresa em ver Cynthia e Eric sentados e conversando na lanchonete. Depois dele ter sido um nojento com ela ontem. Ela disse que Eric mandou uma mensagem se desculpando ontem. Minha mente me lembra. Talvez tenham se resolvidos.

“Porquê você matou a aula?” Pergunto assim que me aproximo.

“Porque quis.” Ela responde e parece estar nem aí. Aposto que o pit boy do Eric, tem algo a ver com isso.

“Jura?” Fico de boquiaberta.

“Juro.” Cynthia responde friamente.

“Cynthia você não pode simplesmente, sair matando aula desse jeito.” Aviso.

“Wanessa, você não pode simplismente puxar meu saco desse jeito” Ela revira os olhos.

“e claro que posso.” Ela adverte me encarrando.

“Só estou preocupada com você” digo.

“e você sabe que não pode.” Insisto.

“Prometo que não vai se repetir. Só, não queria ver aquele tipo, com cara de nada, enchendo meu saco com sua aula chata.” Cynthia murmura. Ela e Eric são os únicos da nossa turma que acham todas aulas chata. Todas. Começo a perceber que na verdade, eles tem muito em comum do que imaginei.

“Eu não acho a aula dele chata. Para de ser resmungona.” Digo. Como ela pode dizer isso? O professor Jacob é muito legal,  sua aula é excelente!

“Pois é… também não acho.” Fico aliviada, por saber que Sam também concorda comigo. Pensamos várias coisas em comum mesmo.

“La vem os dois ‘Nerdinhos’ encher a poraa do nosso saco!” Eric revira os olhos enquanto olho para ele.

“Não seja tão, Eric.” Digo, sacartiscamente . Ele ri maliciosamente. Meus olhos se viram para Cynthia.

“Por favor, Wanessa. Estou muito cansada, mal dormí anoite e tive um pesadelo horrível. Não estou afim de sermão legal?” Serio? Você é fraca mentindo. Sei que é mentira. Apenas está tentando por um fim nessa conversa. Meus olhos se viram novamente para Eric.

“Nem tenta, Wanessa. Eu não quero sermão, de ninguém.” Eric avisa se tornando fleumático, olhando para Sam, avisando que não quer nem o sermão dele. Tiro a língua fora para ele. Em troca, recebo seu dedo do meio como resposta.

“Sinceramente você é irritante” Lanço um sorriso meigo colocando as mãos na cintura  e ele ri.
O garçon chega para nos atender. Sam e eu nos sentamos, enquanto fazemos os pedidos.  Decidimos ficar com duas fatias de pizza e duas Coca-Cola em lata. A mesma coisa que eles.

  “É pra já.” Informa o garçon educadamente, de seguida ele se retira.

“E aí?” Uma voz nos interrompe, no momento em que Eric conta sobre sua maldita festa. É uma voz Masculina, parece que já ouví antes, mais não me lembro onde.

“E aí galera? ” Cumprimenta.
   Sam o olha com interrogação.

“Quem é você? A gente se conhece?” Ele pergunta. Me viro para ver quem é. Não posso acreditar no que estou vendo.
Esse garoto só pode estar me seguindo!
O rapaz olha para Cynthia com uma expressão de interrogação.

“ Desculpa gente...” Cynthia começar a falar.

“Com tanta coisa na cabeça, acabei por me esquecer de contar para vocês sobre meu primo...”

“Não acredito!” Grito com o rosto horrorizado. Todo mundo olha para mim sem entender nada.

“Me Desculpem, pensei em voz alta.” Cynthia olha para mim meio confusa.

“Até parece!” Ele tenta resmungar baixinho, mais a sua voz o trai. Eu olho pra ele revirando os olhos. Não acredito que ela é familiar dele.

“Esse…Bom, ele é seu irmão? Quis dizer, primo?” Pergunto gaguejando,se nota que estou aflita para saber. Na verdade estou aflita para ouvir ela dizendo “não” embora, na realidade, eu saiba que vai dizer sim.  Ela faz que sim com a cabeça. Merda. Com mais de sete bilhões de pessoas no mundo, Cynthia tinha que ser prima justamente desse garoto abusado!  Não é justo. Ele me olha e lança um chiado. Qual é o problema dele?

“Esse é o Willem ele é… ” Ela o apresenta enquanto se levanta,  e aponta para ele.

“Willy. É mais prático.” Ele a interrompe, dando um sorriso de lado e Cynthia se irrita com isso.

“Continuando, ele veio da África do sul transferido e está no terceiro ano de Economia na faculdade de Ciências Sociais e Humanidades. Minha mãe e a mãe dele são irmãs.” 

“Meia irmãs.” Ele a corrige. Cynthia dá uma bufada e se senta. Pelo seu rosto, não foi nada divertido apresentar seu primo. Talvez porque ele seja um grosso com ela também.  Além de saber que é primo de Cynthia, agora vou ter que suportar ver ele. Nossas faculdades estão muito próximas.

Sam e Eric sorriem para ele.

“Olá Willy.” Eles o comprometam em uníssono e ele dá um sorriso não muito educado. Se acha que vou o cumprimentar, está muito enganado. Eu não falo com abusados como ele. Bom, com Eric apenas. Mais Eric é um abusado que não passa dos limites comigo, ele sabe me respeitar. Espero que na verdade, ele seja assim com todos. Espero.
Sabia que tinha algo de errado nesse tal de Willem, quando me chamou de nerd. Agora está tudo claro, Cynthia deve ter dito algo sobre mim. Mais porquê ela contaria algo sobre mim, para um garoto que nem conheço? Não estou gostando disso.


                  Capítulo 9

“E você gata, não vai me cumprimentar? ” Ele se vira para me olhar, com a maior cara de sínico. Mordo a língua para não falar alguma besteira. Se segura Wanessa, se segura. Dou um suspiro para parecer mais tranquila.

“Por favor, não me chame assim.” Não consigo esconder a vergonha em meu rosto, mais estou calma e isso é positivo. Eu não acredito que disse por favor, para esse idiota! Estava calma.

“Porquê?” Ele pergunta. Posso perceber pelo seu olhar, que está me desafiando.

“Você não gosta que te chamem de gatinha?” Willem se aproxima para mais perto da mesa, mim encarrando. Suas mãos estão por cima da mesa, enquanto ele me olha fixamente e ao mesmo tempo todos o olham, mais não dizem nada.

“Qual é? Não se faz de santa. Não me diga que quando você transa com seu namorado, ele não te chama de piranha, safada ou gostosa? Aposto que ele chama sim. E você fica bem molhadinha com isso.” Ele dá um sorriso malicioso sem parar de me encarar. Todo mundo fica de boquiaberta ao ouvir suas palavras sujas. Qual é o problema dele comigo? Por um momento perco a postura e fico prestes a desmoronar. Tenho duas alternativas:

Sair correndo de tanta vergonha, sem olhar para trás.Ou ficar, e encarar esse pervertido.

A primeira opção, me parece muito cobarde. Não adianta fugir. Os problemas sempre vão estar lá me esperando quando eu voltar.
A segunda opção, não me parece inteligente. Mais me parece a melhor. Talvez eu devesse colocar esse garoto no seu devido lugar e mostrar que ele precisa respeitar as pessoas.

E a terceira opção? Será que não posso criar uma teceira opção?
A terceira: Ignorar todas as sujeiras que ele acaba de dizer, para uma garota que mal conhece e fingir que nada disso aconteceu. Sem chances, descarto a terceira. Me levanto.

“Qual é a sua?” Berro bem alto,  Cynthia parece surpresa e até um pouco assustada com a minha reação mais pouco me importa. Alguém tem que colocar esse garoto no seu devido lugar. Oque ele sabe sobre mim? Ele não tem o direito de me envergonhar desse jeito. Não posso admitir essa falta de respeito por mim. Não fiz nada para ele. Claramente essa é a segunda opção.
O rapaz me encarra em silêncio por um instante.

“Tem algum problema comigo? Não fiz nada para ser tratada desse jeito por você, pela segunda vez no dia de hoje. Eu nem se quer te conheço! Qual é? ” Ouço Sam e Eric cochichando enquanto berro. “Pela segunda vez?” Nesse momento Sam já está em pé. Oque não me deixa surpresa. 

“Qual é a sua, cara? ” Ele grita  batendo forte com os punhos sobre à mesa.

“É melhor você não mexer com ela, porque eu juro, que não me importaria de quebrar a sua cara. E não vou me importar pelo facto de você ser primo da minha amiga.” Ele avisa. Pela sua cara acho que é capaz de acabar com esse esquentado.
De seguida ele cai na risada. De certeza está nem aí para o aviso de Sam.

“Então”, Ele bate palmas sorrindo. “você é o namoradinho dela?” Pergunta.

“E se eu for? Tem algum problema com isso?” Sam está gritando. Os dois se aproxima. Um encarrando o outro. Eles vão brigar! Willem dá uma bufada, como se não estivesse interessado e responde:

“Claro que, não.” Ele se aproxima para mais perto de Sam, dando de frente com ele. Seu comportamento mostra que está totalmente seguro e sem medo.

“Não gosto de bater em ninguém. Mais mechou com Wanessa, mecheu comigo!” Sam o avisa.

“Nossa! Estou morrendo de medo.” Willem o adverte respondendo com sarcasmo.
“Medinho na verdade.” Ele acrescenta.

“Licença. Aqui ninguém precisa brigar.” Eric entra no meio, colocando distância entre os dois. Até que em fim ele fez algo sensato.

“Da próxima, eu juro que quebro a sua cara. Você não pode sair por aí desrespeitando as pessoas, só porque se acha o pai da humanidade.”

“Talvez você quebre a minha da próxima, eu vou quebrar a tua agora. Now, You understand?” Começo a me perguntar: onde será que ele aprendeu, a falar português com tanta perfeição. Sam bufa.

“Você sabe que posso acabar com você não sabe? ” Willem pergunta avisando. Ele parece bem confiante! Ele é confiante. Dá para notar que treina e treina muito. Seus braços são musculoso, não muito. O suficiente para perceber que pratica algum tipo de esporte. Apesar da sua jaqueta de couro estar escondendo seus braços, consigo imaginar seus músculos perfeitamente mesmo assim.

“Calem a poraa da boca os dois.” Avisa cynthia, Se aproximando para tentar separar os dois ainda mais.

“Sinto muito por te desapontar, mais eu acho que você precisa chamar sua namoradinha mais vezes de safada, quando estiver entrando e saindo nela. Me parece que ela ainda não está tão acostumada com isso. Eu possa ensinar se você quiser.” Ele parece relaxado, sem se importar com oque acaba de dizer.

“Porquê está fazendo isso comigo?” Grito exasperada, com lágrimas nos olhos.
Olho para ele. Consigo perceber pelo seu olhar, que meu desespero o afetou. Mais só durou alguns segundos e ele volta a ser uma pessoa diabólica sem coração. Sádico. Talvez eu devesse escolher a primeira opção, e sair correndo sem olhar para trás.

“Namoradinha são as mulherzinhas de quinta, que andam com você. Não vou permitir que você a ofenda na minha frente. É melhor respeitar ela.” Sam está nervoso. É bom saber que tenho ele para me defender, mais também não quero que se machuque por minha causa. Gostaria de corresponder oque ele sente por mim.

“E se eu não quiser? ” Esse cara não desiste!

“Eu juro pela minha mãe, vou acabar com essa cara de valentão que você tem.” Nunca vi Sam desse jeito. Ele odeia confusão, apenas está tentando me defender.

“Vai se ferrar. Estou pouco me fodendo para suas ameaças, Não tenho medo de você.” Willem esbraveja.

“Pois deveria.” Sam o faz perceber.

“Que se dane você e as suas  ameaças.” Willem começa.

“Willem para com isso, por favor! ” Os gritos da Cynthia atormentam meus ouvidos.

“Nem vem com essa, Cynthia. Foda-se esse riquinho de merda, fodam-se todos vocês.” Ele olha para as roupas caras que Sam está vestindo, embora dele pareçam ser caras também.  Porquê que controlo tanto se uma roupa é cara ou não? Eu deveria estar nem aí para isso. Principalmente agora.

“Aqui ninguém precisa acabar com ninguém. Que puta falta de juízo vocês tem na cabeça caralho!” Eric tenta acabar com a briga. Ele contínua segurando Sam firmemente. Olha quem fala de juízo? Um babaca que quer dar uma festa com drogados, na casa dos seus pais, enquanto eles viajam! Ele não tem nem um pingo disso.

“Vamos para casa Willem.” Cynthia implora, dessa vez num tom baixo, enquanto segura braço esquerdo dele.

“Eu já disse que não Caralho!” Ele grita, afastando seu braço de Cynthia. Nesse momento, não sei oque pensar. Meu peito dói. Estava tudo tão bem ates desse mal-educado chegar.

“Eu falei pra gente ir.” Dessa vez ela exige.

“E eu respondi que não! Você é surda?” Seus olhos estão em direção de Sam, e vice-versa.

“Por favor.” Em condições normais, ficaria assustada em ver Cynthia dizendo ‘por favor’ para alguém que não seja eu, mais no momento não sei de mais nada.

“Só depois de quebrar a cara desse Mauricinho.” Ele levanta a voz, olhando com desprezo para Sam. Merda.

“Agora eu mato você.” Sam corre em direção ao Willem, com as mãos prontas para dar a primeira socada nele.  Eric segura seus dois braços pelas costas, impedindo ele. Nesse momento, todo mundo na lanchonete está olhando para nós. Fico aliviada por Eric o segurar. Não quero ver Sam machucado por minha causa ou machucando alguém. Pelo mesmo motivo.

“Chega caramba! Vocês querem ser expulso! Ou oque? ” Berra Eric, segurando Sam com muita força. Só acredito porquê estou vendo. Eric acudindo uma briga? Normalmente ele ficaria sentado, assistindo tudo de camarote, como se estivesse a ver tevê.

“Na boa cara, não estou querendo defender ninguém. Mais acho que você deveria se comportar parceiro. É seu primeiro dia de aula aqui. Você quer ser expulso? ” Eric pergunta ao Willem. Ele faz cara feia em resposta, mostrando que está nem aí para o que ele diz.

“Parabéns! Você foi anunciado para ir para puta que pariu.” Seu tom de voz é áspero.

“Chega Willem!” Cynthia grita pela milésima vez. Mais ele parece se divertir com isso. Quando Eric solta  braços de Sam, os punhos dele estão bem duro nesse momento. Ele parece estar com muita raiva. Está.

“Meu Deus! isso é de mais para mim. ” Digo.. Sem me dar conta as lágrimas tomam conta de mim. Porquê isso está acontecendo comigo? Que mal eu fiz para esse garoto? Tento sair correndo mais já é tarde. Cynthia segura meus braços.

“Calma Wanes! Você não precisa sair correndo desse jeito!” As lágrimas são bem visíveis em meu rosto, enquanto faço um gesto de não com a cabeça. “!” Não acredito que ela está tentando defender o primo! Mesmo sabendo ela, que ele acabou de me ofender em público.
Olho para Cynthia totalmente decepcionada.

“Me deixa Cynthia, por favor! Eu preciso ficar sozinha. Estou muito puta da vida! E por mais que você seja minha melhor amiga, eu não estou a fim de papo. Nem com você.” 

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